TEXTO REPRODUZIDO DO BLOG DO HOLANDAUm compromisso "feito com boa intenção em 2008" e assumido pelo ex-governador Eduardo Braga com o presidente Lula, colocou o então ministro Alfredo Nascimento no palanque de Omar Aziz na disputa da prefeitura de Manaus. Como contrapartida, Omar e Braga apoiariam o senador para o governo do estado. A revelação é do próprio Alfredo, em entrevista ao Blog do Holanda. Mas o senador diz que não depende do ex-governador nem de Omar Aziz "para nada". Quanto ao apoio de alguns grupos políticos a Omar, Alfredo diz que "apoio por apoio, Omar reuniu essas mesmas lideranças em 2008 e não foi nem pro segundo turno". Veja a entrevista:
Blog do Holanda/ - Por que o senhor quer ser governador do Amazonas?
Alfredo Nascimento - Porque estou preparado pra isso. Porque o Amazonas tem que resolver seus problemas estruturais não apenas na propaganda. Veja como piorou a situação do interior nos últimos anos. Não tem emprego, não tem atividade econômica, saúde, nem segurança. É um abandono de dar dó. São nossos irmãos amazonenses injustiçados com o que são obrigados e viver. O Amazonas é um estado rico, mas os problemas são os mesmos há décadas, a qualidade de vida das pessoas não melhora na mesma medida que a arrecadação do estado. Quero ser governador para acabar com essa injustiça.
BH - Políticos locais reclamam que o senhor tem dificuldades em se articular politicamente e que isto pode inviabilizar sua candidatura.O que o Sr tem a dizer sobre isso?
Alfredo - Isso é invenção. Nossa aliança, já tem oito partidos. PR/PSB/PT/PDT/PT do B/PSL/PRB/PSDC. Isso não é sinal de dificuldade de articulação. Conversei pessoalmente com todos. No Ministério dos Transportes todos os políticos do Amazonas eram recebidos a qualquer hora e nunca esperaram na ante sala do ministro, situação que os prefeitos do interior conhecem bem aqui no estado. Eu sei conviver com todo mundo. Só não gosto de estardalhaços políticos, sou reservado.
BH - Uma das críticas que lhe fazem é que o senhor teria ido poucas vezes ao interior enquanto ministro. Isto pode ser uma das dificuldades nessa eleição?
Alfredo - Eu fui ao interior toda vez que requisitado, em inúmeros eventos. Acontece que um Ministro dos Transportes vive em função do país. São mais de R$ 17 bilhões de orçamento, obras nos quatro cantos do país, agenda carregada de domingo a domingo. Se não fui mais ao interior foi porque humanamente era impossível, mas os prefeitos e representantes do interior tiveram no Alfredo ministro um aliado de todas as horas em Brasília.
BH - O presidente Lula parece ser o seu maior incentivador nessa disputa eleitoral mas ele não vota no Amazonas.Mesmo assim o senhor acredita que o presidente pode influenciar o processo aqui no Amazonas a seu favor?
Alfredo- O apoio do presidente Lula é uma referência de compromisso. Pergunte a qualquer candidato se não gostaria de ser o candidato de Lula. As grandes obras do estado são feitas com dinheiro federal viabilizado diretamente pelo presidente Lula. O próprio Braga agradece por ter governado o Amazonas no mesmo período de Lula. Senão não haveria grandes obras no estado. Se Lula influencia? Sim, para o bem.
BH - Qual a avaliação que o senhor faz da participação do ex-prefeito Serafim Corrêa em sua chapa?
Alfredo - Serafim é um homem digno, um excelente técnico, um político correto. É uma honra tê-lo aqui. Serafim agrega qualidade e que os compromissos firmados envolvem as questões fundamentais do estado. Tivemos diferenças na política sim, mas firmamos compromisso pelas coincidências que identificamos e que vão ser úteis para todos os amazonenses. Um exemplo é a transparência. Qualquer cidadão poderá saber, a todo instante, o quê e pra quem o Estado do Amazonas paga alguma coisa. Também deveremos adotar a programação financeira, mais controle e honrar pagamentos a fornecedores sem intermediáros e atrasos inexplicáveis.
BH - O prefeito Amazonino Mendes dá a entender que vai apoiar a candidatura de Omar Aziz. O senhor já desistiu de ter o apoio de Amazonino?
Alfredo - Apoio por apoio, Omar reuniu essas mesmas lideranças em 2008 e não foi nem pro segundo turno. Não rejeito apoios, mas o Amazonino é um homem experiente e está bem maduro pra decidir sozinho.
BH - Nas eleições para prefeito em 2008, Eduardo Braga convenceu o senhor apoiar a Omar Aziz ou foi uma opção do senhor?
Alfredo - Foi um compromisso, um acordo legítimo e feito com boa intenção. Assumido com o presidente Lula. Eu apoiaria Omar e em 2010 Braga e Omar me apoiariam. Mas isso é da política e estou firme pra ir em frente. Não dependo deles pra nada.
BH - Parte da imprensa de Manaus tem dado amplos espaços ao governador Omar Aziz. De que maneira o senhor observa essa movimentação?
Alfredo -A imprensa é livre e se depender de mim vai ser livre sempre.
BH Nos últimos dias a tom das críticas de lado a lado ficou mais pesado. O senhor pretende elevar esse tom, partir para um confronto direto?
Alfredo - Eu não tenho confronto com ninguém, eu tenho uma proposta pro Amazonas. O debate faz parte desse momento, mas tem que ter nível e ser centrado na verdade, não em tiradas de marketing ou propaganda. Por outro lado, ninguém pode fechar os olhos pros problemas do estado, como a inegável falta de segurança e os problemas graves no atendimento à saúde. Os jornais denunciam isso todos os dias.
BH - O senhor tem sido convidado para algum evento dos evangélicos?
Alfredo- Tenho muito cuidado com isso. Não prego a politização das igrejas. A fé não pode ser confundida com voto em candidato A ou B. Fiéis, católicos e evangélicos, sabem disso e votam em quem suas consciências mandam. Igreja é uma coisa, política é outra. E temos que respeitar isso, em nome de Deus.